segunda-feira, 11 de maio de 2009

A importância das regras e dos limites para a educação dos filhos


Parte I


Com certeza muitas pessoas já ouviram a expressão: “Se os pais não educam os filhos, o mundo educa!” Esta é uma verdade e um risco cada vez mais presentes nos modelos familiares atuais e por esta razão regras e limites fazem parte de um tema interessante para grande parte dos pais. Este assunto será abordado neste artigo com base no livro "Pais presentes, pais ausentes: Regras e limites".
Na maioria dos casos, a família é o melhor lugar para a educação infantil, educação esta que se refletirá pelos períodos de adolescência e juventude, possuindo papel importante para a formação do futuro adulto. Quando este papel educativo não é contemplado dentro do ambiente familiar ele será realizado pelos ambientes, informações e pessoas que envolvem esta criança em suas atividades, neste momento começamos a pensar sobre a importância das regras e limites, pois é dentro do ambiente familiar que estão os valores que em geral gostaríamos de que fosse transmitido aos filhos.
Regras e limites são essenciais para uma convivência adequada entre pessoas, respeitando os valores e hábitos existentes em cada família, escola, grupo de amigos e tantos outros grupos com os quais se tem proximidade. Dentro do ambiente familiar as regras devem ser realmente possíveis de se cumprir, para isto, precisam ser claras, flexíveis e a quantidade deve ser adequada à capacidade da criança ou do adolescente. Quando as regras são extremamente rígidas ou difíceis de serem cumpridas perdem sua eficiência, pois tendem a ser burladas ou ignoradas pelas crianças e pelos pais, que permitem seu descumprimento. A melhor opção é que a implantação de novas regras ou de regras mais rígidas seja feita de maneira gradual para garantir que seus objetivos sejam atingidos.
Normalmente quando se estabelece regras, espera-se que elas sejam cumpridas, mas e quando isto não acontece? De alguma forma este fato deve ser sinalizado para a criança ou adolescente, os castigos acabam surgindo como uma forma de sinalização e eles podem ser eficazes desde que possam ser cumpridos pelos pais e filhos, pois se não forem cumpridos tornam-se apenas ameaças e as ameaças não controlam o comportamento. Quando os pais descumprem sucessivamente as regras por eles estabelecidas ensinam aos filhos que as regras não são para serem cumpridas, que a autoridade (pais ou educadores) pode ser desrespeitada e que a manipulação emocional funciona.
Se os castigos forem aplicados, nunca devem retirar afeto, sono ou alimento, que são necessidades básicas, ou produzir dor. É recomendável que seja retirado algum tipo de lazer (televisão, videogame, doces, etc), depositar raiva sobre a criança, também não é indicado, pois faz com que ela se sinta rejeitada, fazendo com que seja alvo fácil para grupos de má companhia que reforçam o comportamento indesejado e a agressividade. Os castigos também devem ser aplicados logo após o comportamento indesejado. Muitas vezes a reação da criança ao castigo é agressiva, mas ela deve ser encarada com seriedade pelos pais, pois ceder a birra é reforçar que as regras ou castigos podem ser burlados.
O que importa é que cada família procure na sua realidade buscar coerência para a educação dos filhos, não esquecendo de passar à eles os valores que realmente importam e que hoje se mostram tão esquecidos.
Este assunto é de grande extensão, portanto nos próximos artigos ele voltará trazendo outros aspectos importantes sobre a educação dos filhos.

Leitura indicada: Pais presentes, pais ausentes: Regras e limites. Paula Inez Cunha Gomide


Parte II


Todos nós temos variações de humor de acordo com os acontecimentos do nosso dia-a-dia, é importante saber reconhecer estes momentos, sejam eles bons ou ruins, para que não prejudiquem a educação dos filhos.
Quando se aplica ou não uma punição em função do estado de humor, a criança aprende a identificar os estados de humor dos pais e educadores, e não a reconhecer um mau comportamento. Desta forma quando as crianças percebem o mal-humor dos pais, elas buscam formas de se esconder para que não sejam punidas, já se elas percebem que os pais estão alegres, sabem que não serão punidas e ainda poderão ser estimuladas a brincar como fato ocorrido.
Identificar o humor dos pais não ajuda a criança a aprender valores, o que é certo ou errado, aprendem apenas que o humor dos pais varia e que elas precisam se livrar dos momentos ruins. Castigar os filhos sob o efeito de fortes emoções também não é indicado, pois normalmente quando se age em função da raiva, o arrependimento vem assim que ela passa e começam os pedidos de desculpa pelos atos impensados cometidos. Nestes momentos as crianças percebem que podem chantagear emocionalmente os pais e novamente o aprendizado se dá pela emoção e não pelos comportamentos.
É importante que haja coerência nas atitudes dos pais, assim se um comportamento é indesejado ele deve ser sempre repreendido, ao contrário, se o comportamento for adequado deve ser sempre elogiado. As crianças se espelham nos comportamentos dos pais, logo se eles agem de maneira tempestuosa e emocionalmente instável é assim que elas aprenderão a agir na vida, além da autoridade não ser reconhecida. Sem a coerência dos pais as crianças perdem o referencial do certo ou errado.
Para repreender os comportamentos indesejados, muitas vezes surge a dúvida quanto a bater ou não bater. Bater é um hábito que se repete há muitos anos, mas hoje em dia é muito discutido, e não possui uma definição exata se é certo ou errado. Mas o que se pode afirmar é que bater acompanhado de raiva com certeza não possui caráter educativo. Normalmente, quando a raiva está presente, palavras agressivas e humilhantes são muito usadas e isto ensina a criança que ela é errada e não o comportamento, e como mudar uma criança errada? Esse tipo de recriminação gera introjeção, diminui a sua auto-estima e a torna insegura. Esses sentimentos, se acompanharem a criança, aumentam a probabilidade de envolvimento com grupos delinqüentes e drogaditos, pois estes grupos em geral enaltecem as qualidades dos participantes, assim eles se sentem valorizados, sentimento este que não foi encontrado na família.
Para diminuir a possibilidade de errar, vale o bom senso. Muitas vezes uma palmada e a repreensão sobre o comportamento a ser evitado, juntamente com a palavra “não”, é suficiente para que a criança entenda que é o seu comportamento que está sendo repreendido, por exemplo: “Não ponha a mão no fogo!”, sempre lembrando de não privar a criança de afeto e carinho, sentimentos que agem positivamente na sua formação.


Referência: Pais presentes, pais ausentes: Regras e limites. Paula Inez Cunha Gomide


Parte III



Este último artigo traz importantes pontos para a reflexão do comportamento dos pais, promovendo a auto avaliação sobre como está ocorrendo o relacionamento com seus filhos.
É preciso avaliar se não está ocorrendo um exagero na supervisão dos filhos: ligações insistentes para saber onde o filho está; ouvir suas conversas em extensões; ler diários; repetir muitas e muitas vezes para que o quarto seja arrumado, para que a tarefa seja feita; estes são exemplos que demonstram o quanto está falho o processo de educação realizado pelos pais. Além disso os filhos se sentem vigiados e pressionados ao invés de se sentirem amados.
Relembrando a primeira parte desta série de artigos, neste processo de mudança é importante saber colocar as regras de forma clara e coerente e em um número razoável para que possa ser seguida por pais e filhos.
Demonstrar interesse é estar disponível para ouvir o que os filhos tem a falar e não apenas enchê-los de perguntas sobre como foi o dia, a aula, a festa... Este tipo de comportamento pode ser substituído por um acompanhamento positivo, onde os pais devem mostrar real interesse pela atividades de seus filhos.
Algo que também é válido neste processo é elogiar os filhos sempre em público e repreender sempre em particular, assim são evitados constrangimentos que prejudicam na reflexão e arrependimento sobre o comportamento indesejado. Elogiar significa demonstrar ao filho que ele é amado e importante.
É importantíssimo que os pais não ajam com negligência, que é caracterizada pela desatenção, ausência, descaso, omissão ou, simplesmente pela falta de amor. Este é um dos maiores motivos pelo desencadeamento de comportamentos anti-sociais nas crianças, que se tornam muitas vezes adolescentes e adultos infratores, usuários de álcool e drogas. A negligência ocorre muitas vezes de forma sutil, onde não há diálogo ou tempo para perceber as necessidades dos filhos, onde falta vínculo afetivo positivo.
Quando educamos, passamos valores morais, assim também é importante saber lidar com os erros, aprender com eles, por isso é importante refletir, criar consciência própria sobre o que tirar de lição. É deste modo que pais e filhos terão comportamentos melhores, se tornarão pessoas melhores.
Os filhos aprendem pelos modelos que vêem em seus pais, aí está a importância de colocar em prática conceitos de negociação, tolerância, carinho, respeito, amor, valores morais entre tantos outros que se quer deixar de herança para as próximas gerações.
Segundo Gomide, conversar significa falar e ouvir, significa compartilhar sentimentos e idéias. A essência está em construir sobre o argumento do outro e não em destruí-lo.
É desta forma que encerro esta série de artigos. Espero tenha sido útil para tirar dúvidas e ajudar a promover uma educação mais saudável!

Referência: Pais presentes, pais ausentes: Regras e limites. Paula Inez Cunha Gomide

Fonte: http://meutempopsicologia.blogspot.com/




2 comentários:

Anônimo disse...

adorei essse site vai me ajudar muito!

ESCOLA EMANUEL PINHEIRO ROO disse...

Estamos desenvolvendo um projeto na escola sobre regras e limites. Esse site vai nos ajudar.